Não sei o que sou. Não sei onde estou, nem como vim parar aqui. De nada recordo, nem se já existi, nem se existo, ou o que seria a palavra “existência”. Nada vejo, tudo está completamente escuro. De qualquer forma, sinto-me conectado a este ambiente. Não há ruídos, o silêncio impera por aqui. Apesar da total ausência de luminosidade e de sonoridade, não sinto medo. Pareço estar sozinho neste lugar, apesar de me sentir ser muitos. O pensamento é o único interlocutor neste imenso vazio, e eu, seu único ouvinte. Sinto-me flutuar, apesar de não possuir corpo algum. Não respiro, até porque não haveria o que respirar. Não sei de onde surgem todas estas palavras, nem sei como as conheço. Apenas as penso. Não sei o que é o tempo, ele não passa, sequer existe. Apesar de não haver passado, presente ou futuro, neste exato momento estou a sentir um grande sentimento. Estou a sentir profunda paz interior. Sinto-me deteriorar e expandir infinitamente ao mesmo tempo. ... Algo começa a surgir em meio à vasta escuridão...
... Então, como num piscar de olhos, eternidades passam...
... E enfim a sabedoria o faz recordar...
Sim... Sou este lugar em que me encontro... Sou o pensamento que me faz companhia... Sou o sentimento que me invade... Sou o universo. Matéria expelida de mim, tu me pertences, e pertenço a ti... Tu és eu, e sois tu... Volte a mim! Uma vez que somos um só...
... E tudo que começara se acaba, e o ciclo recomeça, nunca igual, para todo o sempre...
Autoria: Pedro de Azevedo
| É terminantemente proibido copiar os artigos deste blog. Leia a nossa licença. Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do código penal. Conheça a Lei 9610. |
muito legal!!!
ResponderExcluir