Saber ouvir e saber falar: eis a questão.
Era uma vez uma caneta que não sabia falar – falava além do que sua tinta podia. Já o papel não sabia ouvir – era contrário a tudo o que a caneta lhe dizia. Mas os dois tinham de conviver, e em conflito conviviam. E assim se foi, até que um dia falar com os dois ninguém mais conseguia.
De tanto falar, a caneta esgotou sua tinta. E o papel, coitado, pensava estar, enfim, sossegado. Mas sem a caneta nada ele fazia. Ficava lá, quieto, fosse noite, fosse dia. Lembrou-se da caneta, e das besteiras que escrevia. Pensou e pensou, e foi falar à impressora: “Jovem impressora, sempre cheia de tinta, não teria um pouco para dar à minha querida amiga?”
A caneta, tanto pelo gesto generoso do papel, quanto pelo aperto por que passara, aprendeu a falar moderadamente. E o papel, pela solidão em que se encontrara, aprendeu a ouvir sabiamente.
Autoria: Pedro de Azevedo
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