segunda-feira, 21 de março de 2011

Olimpíadas 2016: Pão e Circo?



O maior evento esportivo do planeta, os Jogos Olímpicos, serão realizados, em 2016, no país que detém a maior taxa de juros e a terceira maior carga tributária do mundo: o Brasil. Este é, ainda, o oitavo país em desigualdade social e o 75° menos corrupto, entre os 180 países pesquisados pela ONG Transparência Internacional.

Vila Panamericana: o que era área de vegetação
pantanosa, hoje sofre com a poluição humana

O orçamento previsto para os Jogos são de R$30 bilhões. Entretanto, no Pan-Americano de 2007, ocorrido também no Rio de Janeiro, o orçamento inicial fora de R$400 milhões, e o custo, de R$4 bilhões. Deve ser lembrado, ainda, o abandono da Vila do Pan após o torneio, fato que pode se repetir nas Olimpíadas, afinal, pouco se investe no esporte brasileiro - apenas 2% dos recursos das loterias são a ele destinados, por exemplo.

De acordo com um relatório da Fundação Instituto de Administração (FIA), o país como um todo seria beneficiado com o evento esportivo. Isso pois metade dos empregos temporários gerados seriam ocupados por trabalhadores de outros estados, além de que estas regiões forneceriam serviços à cidade-sede. Por outro lado, Allen Sanderson, professor de economia do esporte da Universidade de Chicago, EUA, afirma que uma Olimpíada pode preterir os pontos positivos aos negativos, como ocorrido em Montreal-76, Sydney-00, Atenas-04 e Pequim-08. Na China, os principais complexos esportivos estão em desuso; na Grécia, passa-se por uma atual crise econômica.

No Japão, 94% dos estudantes de ensino
médio ingressam no ensino superior 

Na contra-mão do pensamento maquiavélico, que separou a ética da política, surge a questão: seria humano o investimento para a realização do Rio-16, quando estão corroídos os pilares de uma sociedade democrática – educação, saúde, segurança e igualdade social –, não pelo tempo, mas pela inércia?  Do ponto de vista econômico, o retorno pode sim chegar a ser satisfatório. Agora, as autoridades e a própria sociedade brasileira precisa perceber que o verdadeiro investimento é o feito na população. Esta sim, quando bem instruída, move uma nação. O Japão, por exemplo, após a derrocada na 2ª Grande Guerra, investiu pesadamente na formação escolar e qualificação de seu povo. E deu certo – hoje os nipônicos são a 2ª maior economia e o 8º maior IDH do planeta.
O povo brasileiro merece a festa e o impacto social e econômico que pode trazer uma Olimpíada, mas não se deve esperar a casa cair para finalmente reformá-la. E quando a festa do esporte acabar, o cotidiano retornará ao normal, e então se perceberá que a fachada da casa fora revitalizada, mas que seus pilares continuam corroídos.

Autoria: Pedro de Azevedo

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