quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quando todas as caronas falham

Os indianos é que sabem
pegar carona
Quase sempre, andando na rua, ao observar um ônibus que passa, eu me deparo com passageiros me fitando com uma expressão pálida, de tristeza. É pior quando estou em um carro. Lá vou eu sentado numa boa, ouvindo um som, com o ar-condicionado no rosto, e quando olho pela janela, noto aquelas medonhas feições dos passageiros em minha direção. Quem nunca passou por isso?


Não tenho o costume de pegar ônibus, mas tenho optado por esse transporte sempre que possível. Como na Universidade de Brasília nem sempre as aulas acabam no horário programado, ao que acabam mais cedo acabo preferindo pegar o buzú. Mas, quando do contrário, dou preferência às caronas. Hoje, por exemplo, quem ficou de me carregar foi o ex-amigo Ricardo, já que ambos sairíamos às 18h. Dispensei minha irmã, que estaria por perto nesse horário, e segui feliz para a minha aula de Planejamento Gráfico, das 14 às 18h. Terminada a aula, liguei algumas vezes para o Ricardo, mas não fui atendido. Logo o fdp ele me retorna, dizendo que já estava no aconchego de sua casa. Tudo bem. Como não consegui mais nenhuma carona, fui subindo rumo à distante parada de ônibus da L2 norte.


Esteja de carro ou num ônibus, o trajeto a ser percorrido é basicamente o mesmo. No entanto, a experiência é certamente diferente. A sensação de pertença à sociedade é intensa no transporte público, enquanto que a individualidade predomina no transporte particular. Já havia observado, e hoje repetiu-se, a gentileza do passageiro que, sentado, ofereceu-se para carregar as tralhas de quem se encontrava de pé. Quem não está acostumado naturalmente estranha a cena, uma vez que, no carro, as gentilezas estão em oferecer palavrões ao veículo oponente.

Acredito que o engarrafamento das 18h seja um mal nacional e, claro, internacional. Até Brasília, capital do planejamento urbano, já sofre dele. Para essas horas, deve-se carregar sempre uma revista que nos distraia. Assim, tão logo o ônibus partiu, eu saquei o meu exemplar da National Geografic. Enquanto lia uma interessante matéria sobre o vulcão Nyiragongo, um dos maiores e mais ativos do mundo, situado no Congo, percebi que as pessoas à minha volta fitavam a revista, procurando distrair-se. Engraçado, as minhas lentas mudanças de página lhes eram mais interessantes que o também lento desfile de carros de última geração que esgotavam a paciência de todos.

A minha casa não é distante da UnB – Brasília, afinal, não é parâmetro de grandeza. No entanto, já eram por volta das 19h quando notei que eu fitava os pedestres com a mesma feição melancólica que, estando no lugar deles, afirmei ter sido alvo. Irônico, não? Bastaram mais 15 minutos para, enfim, chegar em minha morada.

É claro que o transporte público deixa a desejar, e que o engarrafamento gerado pelo transporte particular a todos estressa, mas o que de fato me incomodou nessa viagem foi o peido que segurei do início ao fim. Segurei-o até porque peidar com lotação máxima é mais filhadaputagem que esquecer de dar carona ao amigo.
  

Abraços, Pedro Henrique

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2 comentários:

  1. aiuehaeiheuaeh

    porra, te gerei um post lendário e vc ainda reclama!

    o que é uma carona perto da criatividade que lhe foi dada no trajeto?

    foi mal! meu cel ainda tava no silencioso

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  2. hahahaha di boa
    sorte a sua, se a carona tivesse dado certo não teria segurado o peido nao...

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