domingo, 23 de janeiro de 2011

O lixo do Brasil



Como refletiu Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A matéria-prima, por exemplo, é transformada em produtos, e 99% dos produtos – segundo o documentário “Story of Stuff” – é transformado em lixo. Este, ao contrário do que se imagina, não se perde nem se transforma ao ser jogado na lixeira. Continua ali, quase intacto. Não há mágica nem segredo para mudar este quadro, basta que façamos nossa pequena parte.

Parte da área a ser alagada para
a construção de Belo Monte, uma obra do PAC
Em seu estudo, a organização não-governamental WWF estima que dentro de 30 anos serão necessários dois planetas Terra para satisfazer o consumismo mundial. Ciente disso, o governo brasileiro tem demonstrado grande inteligência e até mesmo persistência para evitar a degradação do planeta (!), afinal, insiste em construir a hidrelétrica de Belo Monte – que gerará 11,2 MW de potência, suficientes para apenas 26 milhões de brasileiros, ao custo de 516 km² de floresta e de R$ 16 bilhões, previstos inicialmente – e em fazer uso de métodos ultrapassados de destinação do lixo, como os aterros sanitários.
                A mais nova aquisição neste sentido, o aterro de São Carlos, abrigará todo o lixo da cidade de São Paulo pelos próximos 20 anos. De acordo com o projeto, somente em 2029 o aterro abrigará 117 mil toneladas de lixo, contra as 56 mil toneladas abrigadas em 2009, o que, ao longo do seu funcionamento, representará 1.753.000 toneladas. Aterros como esse demonstram o alto investimento do governo em um “futuro renovável e saudável”, uma vez que poluem o solo, disseminam doenças e colaboram para a escassez de matéria-prima.
Mais importante que substituirmos os aterros sanitários, devemos mudar nosso conceito de lixo, passando a enxergar em nossos descartes a possibilidade de reutilização ou de reciclagem. Ao menos nisto o Brasil acerta, pois tem índices satisfatórios de reciclagem (43,7% do papel simples e 72% do aço). Como tudo que é positivo em nossa grande pátria carrega poréns, o lixo do brasileiro é pouco reaproveitável, já que as unidades federativas, encarregadas de realizar a coleta do lixo, não fazem sua separação, o que desestimula a população a fazê-la. Assim, o lixo acaba por se misturar, contaminando-se.

A reciclagem, por mais significativa que seja, ainda não é a solução. A resposta para a questão é o primeiro dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar, Reciclar). Ao fazermos compras, devemos dar preferência a produtos com o mínimo de embalagem, ou as quais possam ser reutilizadas e no mais tardar recicladas. O vidro, por exemplo, ao contrário do plástico, é totalmente reciclável e de maior reutilização.
A raiz do problema, portanto, está na concepção do lixo propriamente dito. Devemos nos atentar à solução de um problema não somente em seu epílogo, mas mais que tudo em seu prefácio, o que o faz perder o caráter de problema, adjetivando-se como parte integrante da solução.



Autoria: Pedro de Azevedo

Page copy protected against web site content infringement by Copyscape É terminantemente proibido copiar os artigos deste blog. Leia a nossa licença.

Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do código penal. Conheça a Lei 9610
.
*Banner disponibilizado pelo Dicas Blogger

Obs.: Como produzi este texto durante o curso pré-vestibular, não tenho salvo as várias fontes que utilizei para pesquisa. No entanto, seguem os links sobre a hidrelétrica de Belo Monte e do documentário "story of stuff",  além do site da prefeitura de São Carlos-SP, onde podem ser encontradas informações sobre o recente aterro:





Blog Widget by LinkWithin

Nenhum comentário:

Postar um comentário