segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Lençol


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Não sei a história deste lençol, sei que ele me encobre desde que meu corpo era pequeno. Apesar dos furos e dos fiapos, é o meu lençol predileto. Ele não é muito útil, não aquece, mal encobre toda a extensão do corpo, mas, ainda assim, gosto muito dele. Ganhei muitos outros lençóis imponentes, de fios egípcios, quentes, suntuosos. Mas se minha casa pegasse fogo, e eu pudesse salvar somente um lençol, seria este. Como disse, não sei a sua história, se sou seu primeiro dono, ou a quem pertenceu antes de mim. Mas sei que da minha história ele faz parte, afinal, tanto aconteceu nesses anos todos... Talvez por isso goste dele assim. Certa vez, quando o meu cachorro morreu, tive de escolher algo para envolvê-lo antes de enterrá-lo. Não que o corpo nu desmerecesse a terra pura, mas acredito que seria desrespeitoso, tendo condições de ornamentá-lo, não fazê-lo. Apesar do meu apego por este lençol, o sentimento pelo meu cão era maior. Achei que o meu amigo era merecedor de uma manta valiosa não no quesito material, mas rica de sentimentos meus por ela. Resolvi, então, despedir-me dos dois. É engraçado, na primeira linha o meu lençol não tinha história. Agora tem.
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